Biocombustíveis

16 de dezembro de 2009

A preocupação com o aquecimento global e a necessária busca por alternativas aos combustíveis fósseis são os principais motivos do aumento do interesse mundial pelos biocombustíveis. Diante desse cenário, o Brasil também aposta nessas novas fontes de energia para crescer nos próximos anos e para manter sua matriz energética limpa e sai na frente ganhando o status de maior produtor mundial. Os investimentos em biocombustíveis no País devem chegar a cerca de R$ 23 bilhões até 2017, que devem ser aplicados na expansão da produção e oferta.

Além de se constituírem em fontes renováveis e contribuírem pouco para a emissão de gases de efeito estufa, os biocombustíveis colocam o País em destaque no cenário econômico mundial. São grandes as vantagens competitivas, principalmente porque há diversidade de matéria-prima para o etanol, como a cana-de-açúcar, sorgo sacarino e mandioca e para o biodiesel, como a mamona, soja, palmáceas e girassol.

Com uma estratégia associada a preocupações com segurança energética e sustentabilidade, o Brasil também dedica especial atenção às dimensões globais e regionais da ampliação do uso dos biocombustíveis. Na vertente global, o País defende a adoção de padrões e normas técnicas internacionais que permitam o estabelecimento de mercado para esses produtos. Adicionalmente, é prática nacional estimular estudos científicos e inovações tecnológicas que garantam a sustentabilidade no longo prazo da produção de biocombustíveis, assim como a não interferência de sua produção no cultivo de alimentos

Adaptação à seca

Com o aquecimento global cada vez mais evidente, a demanda por cultivares, como a cana de açúcar, mais tolerantes à seca é crescente. No Brasil, pesquisas visando tolerância a esse estresse estão em desenvolvimento pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O melhoramento da cana-de-açúcar convencional é um processo demorado e trabalhoso e pode levar de 12 a 15 anos para se obter uma nova variedade. Porém, a Embrapa trabalha com uma perspectiva técnica de que num prazo de até sete anos o setor sulcroalcooleiro poderá contar com esta nova variedade adaptada ao clima seco.


No âmbito regional, o Brasil estimula a integração energética da América do Sul, com a promoção da diversificação da matriz nos países da região e o incentivo às fontes de energia renováveis. Nesse sentido, foi assinado um Memorando de Entendimentos do Mercosul para ampliar a cooperação no tema. O documento visa a integração das cadeias de produção e de comercialização do etanol e do biodiesel na região – incluindo aspectos de regulação e fiscalização – com vistas ao aproveitamento de importantes vantagens competitivas dos países no campo dos biocombustíveis.

Etanol

Maior produtor e exportador de etanol de cana-de-açúcar do mundo, o Brasil se posiciona hoje na vanguarda dos países em desenvolvimento no campo das energias renováveis. O ciclo completo de produção do etanol, desde o desenvolvimento de variedades especiais de cana de açúcar, formas de plantio, o processamento, a armazenagem e a distribuição, além da tecnologia dos motores flex fuel, são genuinamente nacionais.

Vale destacar que no que diz respeito aos biocombustíveis, o Brasil é o maior produtor global, sendo que no caso do etanol, considerando a produção a partir da cana-de-açúcar e de outros cultivares, é o segundo do mundo.

Nos últimos 30 anos, o Brasil evitou emissões de cerca de 800 milhões de toneladas de CO2 por meio do uso do etanol como substituto da gasolina. O volume total produzido em 2008 alcançou a marca dos 27 bilhões de litros, com um aumento de 17,9% se comparado com o período anterior. As estimativas oficiais são de que este número irá crescer para 37 bilhões de litros em 2015.

Em 2008, o Brasil contava com 360 milhões de hectares de áreas agriculturáveis, com 220 milhões de hectares dedicados a pastagens e outros 70 milhões para cultivos agrícolas diversos, dos quais apenas 8,5 milhões de hectares eram usados para plantações de cana-de-açúcar – metade destinada à produção de açúcar e outra metade à de etanol. Isso mostra que existe espaço de sobra para expandir os canaviais sem prejuízos de áreas florestais da Amazônia, situada a milhares de quilômetros das regiões produtoras de etanol e sem pressionar a produção de alimentos. Vale lembrar que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura atesta que o etanol brasileiro é mais competitivo em termos de preço do que qualquer outro produzido em outros países.

Com olhar voltado ao futuro, atualmente, as pesquisas brasileiras se concentram nas novas frentes de desenvolvimento de variedades de cana de açúcar, maior produtividade, etanol de segunda geração e otimização das formas de produção agrícola e industrial.

Biodiesel

Desde 2004 o Brasil conta com o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, que regulamenta a produção e a distribuição do biodiesel brasileiro, produzido com oleaginosas. O País é o terceiro maior produtor dessa fonte energética do mundo, atrás apenas da Alemanha e dos Estados Unidos.

Em cinco anos de Programa, foram dados valiosos passos rumo à consolidação do biodiesel no Brasil. Quando criado, previa inicialmente foi previsto o aumento gradual da adição do biocombustível ao diesel tradicional até 2013, quando a mistura deveria chegar a 5%. No entanto, o governo brasileiro decidiu fortalecer suas iniciativas nessa área e acaba de antecipar em três anos essa obrigatoriedade. Assim, o B5, como é chamada a mistura do diesel tradicional e do biodiesel, passará a ser obrigatório a partir de janeiro de 2010, em todo o território nacional. Essa medida deve elevar a produção de biodiesel de cerca de 176 milhões anuais para 2,4 bilhões de litros em 2010, reforçando a posição do Brasil na liderança mundial em energias renováveis em escala comercial.

Sob o aspecto social, a ampliação do uso do biodiesel vai aumentar a geração de emprego e renda, impacto no processo de inclusão social atualmente em curso no Brasil ao promover de forma crescente a agricultura familiar. Dos 2,4 bilhões de litros a serem demandados com o B5, 80% será fornecido por unidades produtoras detentoras do Selo Combustível Social. No viés econômico, haverá uma maior agregação de valor às matérias-primas oleaginosas de origem nacional.

O Brasil possui 43 usinas com a seguinte distribuição regional de capacidade:

Norte

5%

Nordeste

19%

Centro-Oeste

33%

Sudeste

18%

Sul

25%

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