Arquiteto constrói casa carbono zero com técnica medieval

23 de dezembro de 2009

Protótipo de casa verde (foto: Hawkes Architecture)

Casa pode servir como modelo para produção em larga escala.

Arquitetos da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, apresentaram nesta quarta-feira uma casa de carbono zero que pode vir a ser produzida em série no país em um futuro próximo.

A casa de quatro quartos, localizada nas proximidades da cidade de Staplehurst, utiliza uma técnica aplicada na construção de casas da época medieval e vista como mais eficiente na contenção de emissões de gases causadores do efeito estufas.

"O design é econômico, já que a casa é relativamente fácil de ser construída e, a partir do momento em que você sabe o que está fazendo, é rápido", afirmou o desenhista Michael Ramage, do Departamento de Arquitetura da Universidade de Cambridge.

Mais de um quarto (27%) das emissões de gases causadores do efeito estufa da Grã-Bretanha é gerado por residências, o que contribui de forma significativa para o aquecimento global.

Poucas casas são movidas unicamente por energia solar e muitos designs são muito caros, inviabilizando a produção em massa.

Protótipo de casa verde (foto: Hawkes Architecture)

Projeto une técnica medieval com novas tecnologias.

O governo britânico quer que todas casas novas sejam livres de emissões de gases causadores do efeito estufa em 2016.

Leveza e resistência

A construção em forma de arco é basicamente uma câmara de 20 metros coberta com terra e plantas, que servem de camuflagem e ajudam a construção a se mesclar com o ambiente rural.

O projeto é uma adaptação de uma técnica medieval que utiliza tijolos finos para criar construções leves e duráveis.

Assim, a casa adquire resistência estrutural e, ao mesmo tempo, evita a utilização de materiais que consomem muita energia na sua produção, como concreto armado.

A estrutura também fornece uma grande quantidade de massa térmica, permitindo a casa a reter calor, absorver flutuações de temperatura e reduzir a necessidade de sistemas de aquecimento ou resfriamento.

Qualquer aquecimento adicional é provido pela combinação de sistemas fotovoltaico e térmico de aquecimento, que capta energia solar.

Protótipo de casa verde (foto: Hawkes Architecture)

27% das emissões de gases na Grã-Bretanha vem de residências.

Além disso, um aquecedor de 11kW de biomassa foi instalado na casa para fornecer energia quando o sol tiver aparecido por alguns dias.

O isolamento térmico é feito com papel de jornal reciclado.

"A construção mostra como o design contemporâneo pode promover materiais locais e integrar novas tecnologias para produzir um prédio altamente auto-sustentável", afirmou o arquiteto responsável pelo projeto, Richard Hawkes, que será o primeiro ocupante da casa.

Clima faz vegetação da Amazônia subir os Andes

Cientistas afirmam que há um limite natural para a expansão Andes acima. As mudanças climáticas parecem estar levando árvores típicas da Floresta Amazônica e doenças antes limitadas a regiões mais baixas a subir as encostas dos Andes, no sudeste do Peru.

As plantas sobem a uma taxa média de 25 metros por década de acordo com uma pesquisa da universidade britânica de Oxford, coordenada pelo professor Yadvinder Malhi, diretor do Centro de Florestas Tropicais.

Ao mesmo tempo, algumas autoridades sanitárias peruanas afirmam ter constatado um aumento no número de casos de malária, dengue e bartonellose em altitudes em que as doenças não eram comuns, e a taxa de mortalidade das doenças nestas "novas" áreas é de 30%.

Entre as plantas, 37 das 115 espécies de vegetação amazônica identificadas na região estão subindo ainda mais rapidamente, a uma taxa de 3,78 metros por ano. "A Amazônia está se aquecendo rapidamente, e para garantir a sua sobrevivência, algumas espécies já começaram a migrar para cima", disse Malhi à BBC.

Na altitude

A área estudada fica entre a floresta amazônica próxima a Puerto Maldonado, no Peru, e os bosques a cerca de 3,45 mil metros de altitude, nos arredores da reserva biológica de Wayquecha.

Os estudiosos realizaram um levantamento inicial em 2003, repetindo-o em 2007.

"A Cyathea, uma árvore de samambaia, é o gênero que mais migrou, mas outros também migraram, como o Hedyosmum, Clethra, Clusia, Schlefflera, Miconia e Virola", disse a pesquisadora Natividad Rauran Quisiyupanqui, que integra a equipe no Peru.

A migração também teria afetado mosquitos portadores de doenças. O médico Manuel Montoya, chefe do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Regional de Cuzco, a mais de 3,3 mil metros de altitude no Peru, não tem dúvidas de que há uma relação com a mudança climática.

"Começamos a notar essas mudanças com mais força a partir de 98, com o fenômeno do El Niño. A partir de então, começamos a ver uma espécie de ruptura e uma mudança ecológica nas enfermidades", afirmou.

No entanto, há também vários estudos que questionam uma relação direta entre mudança climática e distribuição geográfica de doenças. Para a especialista em Epidemiologia Ambiental da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Sari Kovats, faltam provam científicas que indiquem uma maior incidência de doenças tropicais nos Andes provocadas por um aumento de temperaturas.

Escalada lenta

No caso das plantas, a relação parece ser direta, mas os cientistas descobriram que a velocidade de migração das plantas não acompanha as estimativas de aquecimento, que variam entre conservadores 2ºC nos próximos cem anos a até 4ºC ou 5ºC.

"As árvores estão avançando em média 25 metros por década. É um passo largo, mas se fosse manter o ritmo das mudanças climáticas, a velocidade deveria dobrar", afirmou Malhi.

Amazônia

Doenças como malária das regiões mais baixas apareceram na altitude. Além disso, a estratégia de migração não é tão eficiente para todos os gêneros e espécies. Ela depende de como as sementes são dispersadas. Aquelas dispersadas por aves ou pelo vento podem chegar mais longe, mas as que dependem de animais podem correr mais riscos.

Para os cientistas, no entanto, um dos principais obstáculos é o fator humano. Para que as plantas possam, seria necessário um corredor natural para que elas se dispersassem.

De acordo com o estudioso Timothy J. Killeen, entretanto, aos pés dos Andes "há petróleo, biocombustíveis, pessoas com fome em busca de terras para cultivar, além de homens ambiciosos que querem se encher de dinheiro com o ouro depositado durante milhões de anos nos sedimentos aluviais da Amazônia".

'Fim de espécies'

Killeen é o autor do livro A Perfect Storm in the Amazon Wilderness (Uma Tempestade Perfeita na Amazônia Selvagem, em tradução livre), que debate as mudanças que ameaçam a biodiversidade na região amazônica.

Mas, na opinião dos cientistas, mesmo que se possa "auxiliar" na migração das espécies Andes acima, existem limites naturais para tal migração.

Ou seja, independentemente do que possa ser feito "as comunidades de plantas como as conhecemos hoje não existirão no futuro. Serão destruídas e veremos novas comunidades como resultado da adaptação de cada espécie", afirmou Malhi.

Enquanto plantas, mosquitos e doenças parecem estar subindo os Andes, todo ano, milhares de pessoas descem na estação seca rumo à Amazônia peruana.

O destino final de diversas delas é o garimpo. A atividade muitas vezes visa garantir o sustento de famílias acuadas pela falta de oportunidades em cidades mais altas, como Puno, Cuzco e Arequipa, mas é uma das principais causa dos desmatamento na região.

O desmatamento na Amazônia é tido como uma das principais causas do aquecimento global, que, por sua vez, estaria levando a vegetação e as doenças Andes acima.

Garimpo

Garimpeiros descem das regiões mais altas e pobres rumo à floresta

Garimpo

Para explorar o ouro, os garimpeiros dragam trechos de lagos e rios, revolvendo e destruindo o solo de praias e florestas. No passo seguinte, ao separar o ouro da areia, eles usam mercúrio, que por sua vez contamina o solo, a água e a atmosfera.

"O problema está crescendo de forma exponencial, porque não tem havido controle do Estado", afirmou Carlos Nieto, chefe da Reserva Nacional de Tambopata, um parque nacional próximo as áreas de garimpo.

Organizações não-governamentais que trabalham em Puerto Maldonado, a capital da região, afirmam que cerca de 30mil pessoas trabalham informalmente no garimpo.

O Ministério do Meio Ambiente admite que das 2,8 mil concessões de exploração existentes na região, apenas 16 apresentaram estudos de impacto ambiental. Na tentativa de brecar este crescimento desordenado, os ministérios do Meio Ambiente e das Minas e Energia suspenderam a concessão de licenças por dois anos.

O próprio ministro do Meio Ambiente, Antonio Brack, classificou a atividade mineradora informal de "câncer" reconheceu que "é um dos maiores problemas ambientais do país".

Biocombustíveis

16 de dezembro de 2009

A preocupação com o aquecimento global e a necessária busca por alternativas aos combustíveis fósseis são os principais motivos do aumento do interesse mundial pelos biocombustíveis. Diante desse cenário, o Brasil também aposta nessas novas fontes de energia para crescer nos próximos anos e para manter sua matriz energética limpa e sai na frente ganhando o status de maior produtor mundial. Os investimentos em biocombustíveis no País devem chegar a cerca de R$ 23 bilhões até 2017, que devem ser aplicados na expansão da produção e oferta.

Além de se constituírem em fontes renováveis e contribuírem pouco para a emissão de gases de efeito estufa, os biocombustíveis colocam o País em destaque no cenário econômico mundial. São grandes as vantagens competitivas, principalmente porque há diversidade de matéria-prima para o etanol, como a cana-de-açúcar, sorgo sacarino e mandioca e para o biodiesel, como a mamona, soja, palmáceas e girassol.

Com uma estratégia associada a preocupações com segurança energética e sustentabilidade, o Brasil também dedica especial atenção às dimensões globais e regionais da ampliação do uso dos biocombustíveis. Na vertente global, o País defende a adoção de padrões e normas técnicas internacionais que permitam o estabelecimento de mercado para esses produtos. Adicionalmente, é prática nacional estimular estudos científicos e inovações tecnológicas que garantam a sustentabilidade no longo prazo da produção de biocombustíveis, assim como a não interferência de sua produção no cultivo de alimentos

Adaptação à seca

Com o aquecimento global cada vez mais evidente, a demanda por cultivares, como a cana de açúcar, mais tolerantes à seca é crescente. No Brasil, pesquisas visando tolerância a esse estresse estão em desenvolvimento pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O melhoramento da cana-de-açúcar convencional é um processo demorado e trabalhoso e pode levar de 12 a 15 anos para se obter uma nova variedade. Porém, a Embrapa trabalha com uma perspectiva técnica de que num prazo de até sete anos o setor sulcroalcooleiro poderá contar com esta nova variedade adaptada ao clima seco.


No âmbito regional, o Brasil estimula a integração energética da América do Sul, com a promoção da diversificação da matriz nos países da região e o incentivo às fontes de energia renováveis. Nesse sentido, foi assinado um Memorando de Entendimentos do Mercosul para ampliar a cooperação no tema. O documento visa a integração das cadeias de produção e de comercialização do etanol e do biodiesel na região – incluindo aspectos de regulação e fiscalização – com vistas ao aproveitamento de importantes vantagens competitivas dos países no campo dos biocombustíveis.

Etanol

Maior produtor e exportador de etanol de cana-de-açúcar do mundo, o Brasil se posiciona hoje na vanguarda dos países em desenvolvimento no campo das energias renováveis. O ciclo completo de produção do etanol, desde o desenvolvimento de variedades especiais de cana de açúcar, formas de plantio, o processamento, a armazenagem e a distribuição, além da tecnologia dos motores flex fuel, são genuinamente nacionais.

Vale destacar que no que diz respeito aos biocombustíveis, o Brasil é o maior produtor global, sendo que no caso do etanol, considerando a produção a partir da cana-de-açúcar e de outros cultivares, é o segundo do mundo.

Nos últimos 30 anos, o Brasil evitou emissões de cerca de 800 milhões de toneladas de CO2 por meio do uso do etanol como substituto da gasolina. O volume total produzido em 2008 alcançou a marca dos 27 bilhões de litros, com um aumento de 17,9% se comparado com o período anterior. As estimativas oficiais são de que este número irá crescer para 37 bilhões de litros em 2015.

Em 2008, o Brasil contava com 360 milhões de hectares de áreas agriculturáveis, com 220 milhões de hectares dedicados a pastagens e outros 70 milhões para cultivos agrícolas diversos, dos quais apenas 8,5 milhões de hectares eram usados para plantações de cana-de-açúcar – metade destinada à produção de açúcar e outra metade à de etanol. Isso mostra que existe espaço de sobra para expandir os canaviais sem prejuízos de áreas florestais da Amazônia, situada a milhares de quilômetros das regiões produtoras de etanol e sem pressionar a produção de alimentos. Vale lembrar que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura atesta que o etanol brasileiro é mais competitivo em termos de preço do que qualquer outro produzido em outros países.

Com olhar voltado ao futuro, atualmente, as pesquisas brasileiras se concentram nas novas frentes de desenvolvimento de variedades de cana de açúcar, maior produtividade, etanol de segunda geração e otimização das formas de produção agrícola e industrial.

Biodiesel

Desde 2004 o Brasil conta com o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel, que regulamenta a produção e a distribuição do biodiesel brasileiro, produzido com oleaginosas. O País é o terceiro maior produtor dessa fonte energética do mundo, atrás apenas da Alemanha e dos Estados Unidos.

Em cinco anos de Programa, foram dados valiosos passos rumo à consolidação do biodiesel no Brasil. Quando criado, previa inicialmente foi previsto o aumento gradual da adição do biocombustível ao diesel tradicional até 2013, quando a mistura deveria chegar a 5%. No entanto, o governo brasileiro decidiu fortalecer suas iniciativas nessa área e acaba de antecipar em três anos essa obrigatoriedade. Assim, o B5, como é chamada a mistura do diesel tradicional e do biodiesel, passará a ser obrigatório a partir de janeiro de 2010, em todo o território nacional. Essa medida deve elevar a produção de biodiesel de cerca de 176 milhões anuais para 2,4 bilhões de litros em 2010, reforçando a posição do Brasil na liderança mundial em energias renováveis em escala comercial.

Sob o aspecto social, a ampliação do uso do biodiesel vai aumentar a geração de emprego e renda, impacto no processo de inclusão social atualmente em curso no Brasil ao promover de forma crescente a agricultura familiar. Dos 2,4 bilhões de litros a serem demandados com o B5, 80% será fornecido por unidades produtoras detentoras do Selo Combustível Social. No viés econômico, haverá uma maior agregação de valor às matérias-primas oleaginosas de origem nacional.

O Brasil possui 43 usinas com a seguinte distribuição regional de capacidade:

Norte

5%

Nordeste

19%

Centro-Oeste

33%

Sudeste

18%

Sul

25%

Marcha Mundial pela Paz

15 de dezembro de 2009

CMA HIPHOP INFORMA

Salvador recebe a Marcha Mundial pela Paz e Não-Violência Acontece nesta quinta-feira (17), em Salvador, a Marcha Mundial Pela Paz e Não-Violência, com saída às 15h, do Campo Grande, uma parada na Praça da Piedade onde se realizar um Ato Político, seguindo para a Praça Municipal onde será o encerramento com um Ato Público e atividades culturais.

A Marcha contará com a presença da equipe internacional que percorre o mundo exigindo o desarmamento nuclear e o fim de todos os tipos de violência, organizações de movimentos sócias e grupos culturais, todos clamando pela Cultura da Paz e a Não-Violência. A Marcha traz à tona, com grande ênfase, o clamor pelo fim de todos os tipos de Violência: Pelo fim da violência policial, Pelo fim da violência econômica e a injustiça social, Pelo fim da violência contra jovens, mulheres e crianças, Pelo fim da intolerância religiosa, Pelo fim da discriminação e do preconceito racial, Pelo fim da violência contra os homossexuais, travestis e transexuais, Pelo fim da violência contra as pessoas vivendo com HIV/AIDS, Pelo fim da criminalização dos movimentos sociais, Pelo fim das guerras, Pelo desarmamento nuclear, Pelo fim da violência contra a pessoa idosa.

Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência - É a maior mobilização da história, pelo fim das guerras, pelo desarmamento nuclear e pelo repúdio a todas as formas de violência. Os organizadores dessa campanha mundial (Mundo Sem Guerras e Sem Violência, organismo internacional do Movimento Humanista) conseguiram adesões dos mais diferentes setores e correntes do mundo. Além das adesões de personalidades do campo da ciência, religião, artes, política e chefes de Estado milhares de pessoas comuns e organizações estão realizando as mais criativas iniciativas para “Criar Consciência de paz e de Não-Violência Ativa”, (oficinas, festivais, passeatas, cinema, simpósios, etc.) em bairros, escolas e universidades.

SERVIÇO:

O quê? Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência.
Quando? 17 de dezembro de 2009 (quinta-feira), a parti das 15h.
Onde? Com saída do Campo Grande em destino a Praça Municipal de Salvador.

MAIS INFORMAÇÕES: Comitê – Salvador/Bahia

Ademir Santos (71)9936.5046/ 9142.3132
Nilda (77) 8827.1724

Lourdes (11) 8159.2347

Tic Tac... Tic Tac...

10 de dezembro de 2009

Os contadores não param de girar

Valores aproximados baseados nas estatísticas conhecidas até o momento

Poodwaddle.com

SOURCES

These stats may be verified at the listed websites.

Metade das emissões de gases de efeito estufa do Brasil vem da pecuária

POR JAIME GESISKY

Gado pasta em volta de tronco de castanheira

Gado come sal próximo de tronco de castanheira em fazenda no Acre

Estudo elaborado por 10 cientistas brasileiros revela que as emissões de gases estufa da pecuária bovina no período entre 2003 e 2008 para os biomas Amazônia e Cerrado variam entre pelo menos 813 milhões de toneladas de CO2-equivalente (CO2e) em 2008 (menor valor) e pelo menos 1,090 Gigatonelada de CO2e em 2003 (maior valor).

A equivalência leva em conta o potencial de aquecimento global dos gases de efeito estufa e calcula o quanto de CO2 seria emitido se todos os gases fossem esse gás.

A emissão total associada à pecuária da Amazônia varia entre 499 e 775 milhões de toneladas de CO2e, e do Cerrado, entre 229 e 231 milhões de toneladas de CO2e. No resto do país, as emissões do setor variam entre 84 e 87 milhões de toneladas de CO2e. Em termos gerais, os números representam praticamente a metade das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.

O estudo foi realizado sob a coordenação de Mercedes Bustamante (UnB), Carlos Nobre (INPE) e Roberto Smeraldi (Amigos da Terra – Amazônia Brasileira) e com a participação de Alexandre de Siqueira Pinto (UnB), Ana Paula Dutra de Aguiar (INPE), Jean P.H. Ometto (INPE), Karla Longo (INPE), Laerte Guimarães Ferreira (UFG), Luís Gustavo Barioni (EMBRAPA), Peter May (Amigos da Terra – Amazônia Brasileira).

De acordo com o estudo –a ser lançado na Conferência do Clima em Copenhague no próximo dia 12–, a maior contribuição às emissões da pecuária se deve ao desmatamento para formação de novas pastagens na Amazônia, que atinge em média 3/4 do total do desmatamento neste bioma. No Cerrado, os pesquisadores detectaram que cerca de 56% do desmatamento no período resultaram também em implantação de novas pastagens.

Os pesquisadores analisaram as três fontes principais de emissão: desmatamento para formação de pastagem e queimadas subsequentes da vegetação derrubada; queimadas de pastagem e fermentação entérica do gado. O estudo, porém, não considera emissões de solos de pastagens degradadas, da produção da ração de grãos usada no confinamento, do transporte do gado e da carne, e das unidades industriais dos frigoríficos, o que torna os valores “conservadores”, dizem os cientistas.

Também não foi considerado o desmatamento para formação de pastagens em outros biomas além de Amazônia e Cerrado. Já nos casos das emissões das queimadas de pastagem e da fermentação entérica foram contabilizados dados para todo país.

As conclusões do estudo também apontam para o potencial de redução de emissões de gases estufa oferecido pela pecuária no Brasil. O fato de quase a metade das emissões totais brasileiras de gases de efeito estufa se concentrar em um único setor constitui a mais importante oportunidade de mitigação brasileira.

- A agropecuária está no centro das mudanças ambientais globais tanto por sua contribuição para as emissões como pelo fato de que uma das formas mais significativas de como a mudança climática global afetará a economia é através de seus efeitos na agricultura - avalia Mercedes Bustamante (UNB), coordenadora da pesquisa.

Para ela, a redução dos impactos ambientais com melhoria da provisão de serviços (positivos) e bens demandará a coordenação de políticas agrícolas e ambientais e o incentivo à geração de conhecimento e ao uso de tecnologias adequadas.

Governo e sociedade

O estudo oferece uma série de recomendações de políticas de mitigação que podem ser implementadas por gestores públicos e privados. A maioria dessas políticas oferece oportunidades para atingir benefícios sociais, econômicos e ambientais complementares e adicionais aos da mitigação da mudança climática.

- O Brasil deve caminhar para uma agricultura integrada ao ambiente tropical, científica e tecnológica, que, ao mesmo tempo em que aumenta sua eficiência, diminui seu impacto ambiental, inclusive quanto às emissões - sugere o climatologista Carlos Nobre (INPE), que também coordenou a pesquisa.

Segundo Nobre, as opções de mitigação decorrentes do setor são significativas e “não implicam o corte na produção atual” e ainda podem ser compatíveis com um aumento moderado da produção. As fontes da mitigação incluem a redução do desmatamento, a eliminação do fogo no manejo de pastagens, recuperação de pastagens e solos degradados, a regeneração da floresta secundária, a redução da fermentação entérica, integração lavoura-pecuária, entre outros.

O estudo lembra que um grande desafio para as políticas públicas relaciona-se à redução da expectativa de impunidade nas práticas de ocupação de terras da União, bem como nos crimes e nas infrações ambientais: a falta de implementação nas políticas de comando e controle nestas áreas desfavorece investimentos em recuperação de terras degradadas, reflorestamento associado à intensificação e criação de manejo sustentável de pastagens em longo-prazo nas unidades de produção existentes. Há uma relação clara entre essa impunidade, a especulação fundiária desenfreada e a degradação das florestas, especialmente na Amazônia, destaca a pesquisa.

Em nível internacional, torna-se claro que o estabelecimento de uma abordagem ampla, sustentável e de longo prazo do tipo REDD (Plus) – incluindo todas as formas de carbono florestal, desmatamento evitado, conservação dos estoques florestais e regeneração da vegetação nativa e de pastagens – poderia favorecer expressivamente a transição necessária para um setor pecuário de baixo carbono no Brasil (e em outros países).

Emissão por produto custa mais que produto em si

Conforme o estudo, a criação de capacidade industrial (grandes frigoríficos) deve ser vinculada a zoneamento adequado, com base em critérios territoriais e biofísicos, uma vez que ela foi o principal motor para a expansão descontrolada e sem precedentes da atividade pecuária, na parte central da década atual. Na opinião dos cientistas, esta é uma função crítica do governo, não apenas porque o zoneamento requer intervenção regulatória, mas também porque a maioria dos financiamentos para este segmento vem de bancos de desenvolvimento estatais.

Medidas para aumentar a organização e a transparência dentro da cadeia de comércio facilitariam a adoção de remuneração seletiva, essencial para estimular e premiar os investimentos por parte dos criadores. Além disso, o papel do varejo é fundamental, pois é o segmento onde a maior parte do valor é agregado. Por isso, a adoção de políticas mais sustentáveis de compra e fornecimento pode ter impacto significativo sobre a cadeia produtiva.

No entanto, o estudo considera que é importante que as políticas de fornecimento sejam baseadas em critérios transparentes e que contemplem devidamente o objetivo de melhorar o balanço de GEE dos produtos, em vez de meros critérios negativos de exclusão, como simples listas negras. Além disso, políticas de fornecimento deveriam ser apoiadas por efetiva rastreabilidade, assim como por sistemas de verificação ou certificação independente por terceiros.

- Com base no estudo, constatamos que o custo das emissões de carbono por unidade de produto supera o próprio custo do produto no atacado - avalia Roberto Smeraldi, da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, co-autor do estudo.

Segundo Smeraldi, a sustentabilidade econômica da indústria da carne requer drástica queda em carbono-intensividade, e as recomendações do estudo mostram que isso seria perfeitamente possível.

Jaime Gesisky é jornalista

Mudanças climáticas na América Latina

5 de dezembro de 2009

Climate change map

Introdução: Como membro do G-20 e parte dos BRIC, o Brasil é o país da região com papel mais importante nas negociações –. O México também tem um papel importante. A maioria dos países latino-americanos pertence ao grupo de negociação G-77 + China (que é na verdade uma coalizão de 132 países em desenvolvimento). O G-77 pede de 25 a 40% de cortes obrigatórios até 2020 nas emissões de países industrializados, em relação aos níveis de 1990. Além disso, os países do grupo defendem uma grande transferência de fundos (1,5 a 2% do PIB dos países ocidentais) para adaptação. Entretanto, há muitas diferenças nas posições dos governos da região. Uma das principais divergências é a existente entre os países de governos de esquerda que pertencem à Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), que inclui a Venezuela e seus aliados (apesar de eles não negociarem formalmente como integrantes do grupo). Esses países dizem não estar preparados para considerar cortes nas suas próprias emissões. Por outro lado, Brasil, México, Costa Rica e Peru disseram estar prontos para fazer seus próprios cortes. Colômbia e Panamá se dizem preparados para considerar o assunto.

Argentina: Membro do G-77, o país é crítico em relação à relutância dos países industrializados em aceitar cortes profundos nas emissões. A Argentina não é tão veemente na defesa de assuntos relativos à mudança climática quanto os outros países da América Latina que integram o G-20 (Brasil e México), apesar de ser amplamente vista como defensor de transferência de tecnologia a países em desenvolvimento. O governo não anunciou que medidas a Argentina adotará internamente para se adaptar, ou mitigar, aos efeitos do aquecimento global.

Vulnerabilidade: Modelos climáticos sugerem que o índice pluviométrico tende a aumentar em algumas regiões do país, e diminuir em outras. Um aumento pode causar enchentes no nordeste e no centro do país, incluindo Buenos Aires, assim como ao longo do Rio Paraná. Áreas costeiras ao redor do estuário do Rio da Prata seriam afetadas pelo aumento do nível da água. Geleiras estão reduzindo seu volume num ritmo acelerado. De acordo com um estudo de 2006, a produção hidrelétrica da área de Comahue, ao sul, responsável por cerca de um quarto da energia hidrelétrica do país, sofreria uma redução de cerca de um terço até 2020, devido à redução do nível dos rios.


Bolívia: O país é membro da Alba – que põe forte ênfase na responsabilidade histórica dos países industrializados pelo aquecimento global. A Bolívia rejeita qualquer corte nas emissões de países em desenvolvimento, se opõe a soluções do setor privado para o desmatamento e defende grandes quantias em contribuição de governos ocidentais para programas de adaptação. O país apoia a criação de um Tribunal Internacional do Clima, para fazer com que “países industrializados paguem sua dívida climática”. O presidente Evo Morales é um forte defensor da experiência dos povos indígenas de viver em harmonia com a natureza. A Bolívia tem um forte grupo de lobby civil na área de clima, conhecido como Plataforma.

Vulnerabilidade: A Bolívia abriga cerca de 20% das geleiras tropicais do mundo. Cidades como La Paz e El Alto são particularmente vulneráveis à aceleração da redução das geleiras, uma vez que grande parte da água potável do país vem das geleiras dos Andes. Cerca de 40% da energia do país vêm de hidrelétricas. Milhares de agricultores pobres dependem do degelo como parte de seu suprimento de água para irrigação; mudanças climáticas drásticas poderiam causar secas e enchentes em diferentes partes do país.


Brasil: Integrante muito influente do G-77, o Brasil vem adotando historicamente uma posição, ao lado da China e da Índia, de afirmar que os países desenvolvidos deveriam fazer grandes cortes em suas emissões em primeiro lugar. No entanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil estaria disposto a cortar suas próprias emissões de 36,1% e 38,9% em relação aos índices previstos para 2020. Ele afirma que uma grande parte desses cortes viria da redução do desmatamento em 80% até 2020, e de preferir carvão vegetal em detrimento do carvão mineral. O Brasil também continuaria a depender muito de biocombustíveis como etanol. O Brasil tem um papel importante nas negociações sobre o acordo de Redução de Emissões, Desmatamento e Degradação (REDD, na sigla em inglês), e defende o uso de dinheiro público em vez do privado em mercados de carbono. A Noruega prometeu doar US$ 1 bilhão ao longo de sete anos, sob a condição de que o desmatamento seja reduzido a cada ano.

Vulnerabilidade: O modelo criado pelo Hadley Centre, o centro de pesquisas climáticas do instituto de meteorologia britânico, prevê que um aumento de 2ºC na temperatura global resultaria em uma perda de 20 a 40% da floresta amazônica ao longo do próximo século, enquanto um aumento de 4ºC destruiria 85%. A maior parte do leste da Amazônia poderia ser substituída por savana. Uma degradação severa da Amazônia poderia provocar um menor índice pluviométrico, levando a mais secas e a menos regeneração florestal. Em uma escala global, os trópicos são a principal base do sistema climático global, e a destruição de grandes partes da Amazônia poderia mudar substancialmente esses sistemas.


Países caribenhos: Eles negociam como integrantes da Aliança de Pequenos Países Insulares (Aosis, na sigla em inglês), que tem 42 membros. A Aosis exige profundos cortes nas emissões de países industrializados para tentar garantir que as temperaturas globais não excedam 1,5ºC. Eles querem que as emissões globais atinjam seu pico em 2015 e caiam 85% até 2050 em relação aos níveis de 1990; os países querem ainda que ao menos 1% do PIB dos países ricos seja gasto na reparação de “danos infligidos ao clima”. A Guiana ofereceu proteger sua floresta em troca de dinheiro internacional. Em novembro, o governo anunciou um acordo pelo qual a Noruega dará US$ 250 milhões até 2015 para ajudar a evitar desmatamento.

Vulnerabilidade: De acordo com o Banco Mundial, Bahamas, Suriname, Guiana, Belize e Jamaica são os países mais vulneráveis a um aumento de um metro no nível dos mares. Na Guiana, por exemplo, cerca de 90% da população vivem na costa, que está 1,4 metros abaixo do nível do mar. Para muitos países caribenhos, a combinação da elevação no nível do mar, aumento da intensidade de furacões devido ao aquecimento da temperatura marinha, e até de pequenos aumentos no nível dos oceanos, causaria problemas imediatos. A destruição de corais é uma das muitas ameaças à indústria de turismo da região.


América Central: El Salvador, Honduras e Nicarágua tendem a se alinhar com a posição da Alba nas negociações. O Panamá apoia a possibilidade de reduzir suas emissões, assim como é a favor de soluções de livre mercado em relação ao desmatamento. A Guatemala tende a seguir as posições da Alba.

Vulnerabilidade: De acordo com o Banco Mundial, as perdas econômicas decorrentes de danos causados pelo aumento da intensidade ou da frequência de furacões na região pode triplicar ou quadruplicar nos próximos 15 anos. Os corais e manguezais da área também correm grande risco devido ao aquecimento dos oceanos. Partes baixas de El Salvador e áreas da costa do Pacífico na Costa Rica são vulneráveis ao aumento do nível do mar, enquanto Guatemala e Honduras correm risco particularmente maior de sofrer com catástrofes climáticas. O modelo do Hadley Centre prevê quedas significativas no índice pluviométrico da América Central ao longo das próximas décadas.


Chile: Em dezembro de 2008 o Chile lançou um plano nacional de adaptação que inclui um compromisso de reduzir suas emissões de carbono. No entanto, ao contrário do México, o país não estabeleceu metas ou datas. O Chile pode ser pressionado a estabelecer alvos de redução devido à sua intenção de tornar-se membro da Ocde. Mas isso seria difícil, em parte devido ao aumento de seu investimento em novas usinas elétricas a base de carvão, e a pesadas emissões vindas do setor de transporte. Alguns dos exportadores chilenos também estão preocupados com o fato de seus produtos (particularmente frutas e vinho) enfrentarem barreiras de pegadas de carbono.

Vulnerabilidade: Devido a sua geografia peculiar, o Chile tem mais opções de adaptar-se a mudanças climáticas do que outros países latino-americanos. Entretanto, a agricultura (particularmente a produção de vinhos), produtos florestais e energia hidrelétrica são vulneráveis a altas temperaturas e às interrupções no fornecimento de água. Mais de metade do fornecimento de energia para a parte central do Chile vem de energia hidrelétrica, gerada pela água de três bacias hidrográficas, que deverão sofrer redução na precipitação de chuvas.


Colômbia: Membro do G-77 + China. Em março de 2009 se aliou ao grupo de países insulares menores que exigem redução de 45% das emissões dos países ricos até 2020, indo portanto além dos 25-40% que é normalmente o nível de redução pedido pelo G-77. Acredita que o desmatamento deve ser resolvido com soluções que incluam o mercado privado. O país quer se beneficiar dos chamados MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo).

Vulnerabilidade: elevação do nível do mar afetando a região do Caribe e a costa do Pacífico, derretimento de geleiras, degradação das regiões alagadas dos altiplanos (paramos), e um aumento da ocorrência de desastres e eventos meteorológicos extremos ligados ao ciclo do El Niño/La Niña.


Costa Rica: País exemplar no que diz respeito à adoção de políticas ambientais. Faz parte de um pequeno grupo de países (juntamente com Suécia, Noruega, Islândia, Ilhas Maldivas, Mônaco e Nova Zelândia) que querem neutralizar o nível de emissões até 2021 (no caso da Costa Rica). Em 2007, foram plantadas 5 milhões de árvores em território costa-riquenho. O maior desafio do país será reduzir as emissões no setor de transporte. Para a Costa Rica, países em desenvolvimento como Brasil, Índia e China também deveriam apresentar planos de redução. Como membro ativo da Coalizão das Nações com Florestas Tropicais, o país está empenhado em conseguir mais verba internacional para combater o desmatamento, priorizando projetos que apresentem soluções que envolvam o setor privado. A Costa Rica implementou o projeto pioneiro do sistema de pagamentos para incentivar a preservação ambiental (água, captura de carbono, conservação de biodiversidade e restauração da beleza bucólica). Segundo esse sistema os donos de terra recebem dinheiro do governo para financiar os custos de preservação.

Vulnerabilidade: O país é especialmente sensível às mudanças climáticas por possuir uma rica biosfera tropical, contendo cerca de 5% de todas as espécies de plantas e animais do planeta, apesar do seu pequeno território. Frequentemente citado como a primeira “vítima” do aquecimento global, o sapo dourado, que vivia nas florestas da Costa Rica, se tornou extinto no final da década de 80 em consequência da mudança do regime de nuvens.


Cuba: Está alinhada com a Alba. O país é a favor do estabelecimento de metas de redução sérias e ambiciosas a serem cumpridas pelos países em desenvolvimento, mas é contra a adoção de soluções que envolvam o livre mercado. O governo cubano também quer que os países ricos participem com uma grande parcela do total necessário ao financiamento de projetos globais de preservação ambiental e de transferência de tecnologia para países pobres e vulneráveis que não possuem a especialização técnica e capacidade de pesquisa de Cuba. O Ministério da Ciência e Meio Ambiente de Cuba argumenta que a importância do REDD é superestimada, pois acredita que é mais importante reduzir o nível de emissões dos países ricos.

Vulnerabilidade: O país é exposto aos furacões que a cada ano são mais frequentes e intensos, bem como à elevação do nível dos oceanos, à salinização das terras aráveis, ao aumento do custo dos alimentos e à possíveis mudanças no regime de chuvas que podem causar secas. O setor de turismo, crucial para a economia do país, pode vir a ser afetado negativamente caso os verões europeus sejam mais quentes, o número de furacões aumente e o litoral cubano (incluindo a capital Havana) seja ameaçado pela elevação do nível do mar.


Equador: País membro da Alba (vide Bolívia acima), seu principal projeto, o Yasuní-ITT, propõe que a comunidade internacional (principalmente os países europeus) pague ao Equador para que o país não desenvolva projetos de exploração na Reserva Yasuní, uma área na floresta amazônica que concentra cerca de 20% das reservas de petróleo equatorianas. Segundo a proposta, seriam emitidos os chamados bonds de carbono num valor de até US$ 5 bilhões, equivalentes às emissões de carbono que seriam evitadas pela não utilização do petróleo e pela preservação da floresta tropical. O dinheiro obtido com a venda desses papeis seria depositado num fundo e os portadores dos títulos poderiam opinar sobre as formas de aplicação da verba em projetos de preservação florestal e de geração de energia alternativa. A Alemanha concordou em participar com US$400,000.

Vulnerabilidade: Redução do volume de água disponível (com o derretimento de geleiras, alteração do regime de chuvas nos altiplanos alagados) poderá afetar o nível dos reservatórios de água potável da capital Quito e de outras cidades, bem como, a produção do setor hidrelétrico (responsável pela geração de mais da metade da energia consumida no país). As geleiras Antisana e Cotopaxi, que fornecem 75% da água de Quito, estão sob grande risco por conta do degelo. A região costeira em torno de Guayaquil está exposta à elevação do nível do mar.


México: O país estabeleceu voluntariamente metas de redução de emissão de gases causadores do efeito estufa, se comprometendo a cortar 50% até 2050 em relação aos níveis de 2002. É um dos maiores defensores da criação de um “Fundo Verde”, que receberia verba de todos os países com exceção dos países pobres, para o financiamento de projetos ambientais. O governo mexicano planeja para 2012 a adoção de um sistema de cortes de emissões - possivelmente ligado a um sistema americano existente – principalmente dos setores cementeiro e de refino de petróleo. Pela afiliação à Ocde e ao G-20 (o país não faz parte do G-77), o México tem capacidade de influenciar importantes negociações, entretanto, muitas vezes o país é visto nestes fóruns como um satélite dos Estados Unidos.

Vulnerabildade: Metade da costa leste do país, principalmente a costo do golfo, é vulnerável a uma eventual elevação do nível dos oceanos e a aumentos da frequência e intensidade dos furacões. Espera-se que a diminuição do nível de chuvas com o aumento da seca afete a agricultura de algumas regiões. As florestas tropicais existentes nas regiões sul e central do país poderão vir a ser substituídas por savanas. A Comissão Econômica da ONU para a América Latina e Caribe (Cepal) estima que o México pode ter uma redução de 6 a 30% do Produto Interno Bruto por conta do impacto das mudanças climáticas.Clique


Paraguai: Os críticos afirmam que o governo do presidente Fernando Lugo não está levando a sério a necessidade de adoção de medidas que visem reduzir o impacto das mudanças climáticas.

Vulnerabilidade: País especialmente sob risco por conta da dependência econômica da exportação de produtos agrícolas e da eletricidade de Itaipu. O aumento da demanda por soja tem acelerado o desmatamento que por sua vez causa mais desertificação. A região do Chaco poderá enfrentar períodos de intensa seca.


Peru: O presidente Alan García anunciou no fim de 2008 um plano que prevê desmatamento zero nos próximos 10 anos, como sendo a contribuição do país para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. Segundo o plano, será preciso que a comunidade internacional invista cerca de US$ 20 milhões por ano, enquanto o governo peruano estaria pronto para entrar com US$ 5 milhões. O Peru tem a quarta maior área de floresta tropical do mundo, atrás apenas do Brasil, Indonésia e Congo. Estima-se que o desmatamento responde por metade das emissões totais de carbono do país. Os grupos indígenas são contra soluções que envolvam o mercado privado.

Vulnerabilidade: Segundo o Banco Mundial, as geleiras peruanas recuaram 22 porcento nos últimos 35 anos, causando uma diminuição de 12% no abastecimento de água das áreas costeiras, onde vivem cerca de 60% da população. A capital Lima é uma das cidades com maior problema de abastecimento de água do mundo. O país também possui uma enorme diversidade de espécies amazônicas que são extremamente vulneráveis à perda de seu habitat natural.


Uruguai: O país vem defendendo que o Fundo de Adaptação - que permitirá que os países em desenvolvimento possam combater os efeitos das mudanças climáticas - tenha um volume maior de recursos e uma atuação mais eficaz. No final de outubro, o governo anunciou que vai adotar, voluntariamente, um conjunto de medidas, que incluem a modificação de sua matriz geradora de energia. O plano pretende aumentar de 6 para 15% a geração de energia a partir de fontes renováveis, a partir de 2015.

Vulnerabilidade: Residências privadas assim como empreendimentos do setor de turismo do estuário do Rio da Prata poderão ser afetados pelo aumento do nível das águas. 70% da população do país vivem na região costeira. A agricultura do país também é vulnerável às mudanças climáticas.


Venezuela: Como membro da Alba, o governo Chávez tem culpado o capitalismo ocidental pelo aquecimento global. O país também é membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), grupo que se opõe ao desenvolvimernto de projetos de baixas emissões de carbono. Em 2007, a Venezuela registrou o maior índice per capita de emissões por consumo de energia entre os países da América Latina (segundo o Energy Information Administration, dos EUA). Chávez anunciou a ‘Revolução da Energia’, plano que pretende substituir 50 milhões de lâmpadas convencionais por outras que economizem energia; o plantio de milhões de árvores nos próximos 5 anos; e o projeto Gasoduto do Sul, que irá levar combustível limpo a grande parte da região.

Vulnerabilidade: Os manguezais das regiões costeiras são especialmente vulneráveis à elevação do nível do mar; mudanças no regime de chuvas podem afetar o fornecimento de energia elétrica. As cidades podem vir a sofrer as consequências de inundações como as de 1999, que mataram cerca de 30,000 pessoas.

Fontes principais: BBC articles, IPCC, ECLAC, World Bank, Hadley Centre.
 

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