Benefícios ambientais do biodiesel são questionados por cientista brasileiro

28 de agosto de 2008

Por Luiza Caires

Ainda é precipitado afirmar que o biodiesel é um combustível mais limpo que o petrodiesel (diesel combustível). "Nas condições brasileiras, o biodiesel é considerado menos poluente em alguns aspectos, e em outros mais. O metanol utilizado como reagente para sua produção pode ser um problema, pois utiliza o gás natural como matéria-prima, que é um combustível não-renovável", revela o engenheiro químico André Moreira de Camargo. Na Escola Politécnica da USP, o engenheiro fez um inventário do ciclo de vida do metanol, álcool usado como reagente no processo de produção do biodiesel.

Avaliação do ciclo de vida do biodiesel

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta de gestão ambiental utilizada para determinar o impacto de determinado produto ou processo. A metodologia permite mapear o produto "do berço até o túmulo", calculando todo gasto de energia e poluição gerada desde a extração e processamento, passando pelo seu transporte, uso e destino final.

O estudo de Camargo é o primeiro a fazer esta análise sobre o ciclo de vida do metanol considerando as condições brasileiras. "Para realizar a ACV é necessário se ater às condições específicas do local onde o produto é feito, transportado e utilizado. No Brasil, por exemplo, a malha de transporte é basicamente rodoviária, então isto tem de ser levado em consideração nos cálculos de energia gasta e na poluição gerada quando utilizamos este meio de transporte", esclarece o pesquisador.

Metanol versus etanol

O inventário feito pelo pesquisador representa um primeiro passo para esclarecer esses pontos, mas ele ressalta que ainda é preciso fazer uma comparação do metanol com o mesmo tipo de estudo sobre o ciclo de vida do etanol nas condições apresentadas no Brasil, já que estudos feitos em outros países não traduzem corretamente a carga ambiental do combustível: matriz energética, condições de extração e transporte e a própria matéria-prima do etanol podem variar.

Aprimoramento dos estudos

Além disso, mesmo o ACV do metanol pode ser aperfeiçoado, modificando-se e ampliando-se o escopo contemplado nos cálculos. "O escopo corresponde aos fatores levados em consideração nos cálculos. Ele varia conforme o objetivo do estudo e as hipóteses consideradas pelo pesquisador, que deve utilizar seu bom senso. Devo avaliar se é importante incluir o impacto ambiental da produção do parafuso usado no equipamento de extração do gás, por exemplo, sempre lembrando que quanto mais extenso for este escopo, mais complexa ficará a ACV, e mais tempo levará para ser feita", explica.

Gestão ambiental

Avaliação do Ciclo de Vida é regulamentada por uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABTN) com o número NBR14040, derivada do ISO 1400, que especifica normas e metodologias de gestão ambiental. Apesar de a base de dados de ACV no Brasil ainda ser pequena, a tendência é que iniciativa privada e governo adotem cada vez mais esta metodologia, como têm feito algumas empresas. No âmbito da universidade, equipes como o Grupo de Prevenção da Poluição (GP2) da Poli estão se propondo a expandir esta base.

"A ACV é uma ferramenta que permite comparar produtos e serviços do ponto de vista ambiental, e estes estudos sempre podem ser ampliados e aperfeiçoados. Além disso, ela permite que se identifiquem os chamados 'gargalos de processos', indicando o que é preciso mudar para diminuir o impacto ambiental, seja com investimento em novas tecnologias ou mudanças na fonte energética usada", destaca o engenheiro.

Carlos Minc defende desconstituição da Floresta Nacional de Roraima

21 de agosto de 2008

Por LORENNA RODRIGUES
da Folha Online, em Brasília

O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) anunciou nesta quarta-feira que vai encaminhar à Presidência da República para ser levado ao Congresso um projeto de lei de desconstituição da Floresta Nacional de Roraima.

A reivindicação foi feita por parlamentares do Estado, que alegam que na área da floresta já existe atividade agrícola e reservas indígenas.

"Os argumentos têm consistência e a floresta será desconstituída. Não será criada mais nenhuma unidade de conservação antes de conversar com o governo e parlamentares de cada Estado", afirmou ele durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara.

Minc disse ainda que a prioridade de sua gestão será cuidar das unidades de conservação já existentes e não criar novos parques.

O ministro anunciou que no dia 26 de setembro será divulgado o primeiro plano brasileiro de mudanças climáticas. Ele adiantou também que, no mês de julho, o desmatamento na Amazônia diminuiu em mais de 50%.

"Sou rigoroso e o desmatamento está caindo em cima do [combate ao] crime ambiental e vai continuar", afirmou.

Nos próximos dias, Minc e os agricultores irão discutir a alteração de prazos previstos no decreto que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais.

O ministro adiantou que, caso o setor considere os prazos estabelecidos no decreto inexeqüíveis, eles poderão ser ampliados.

Segundo Minc, o decreto tem 160 artigos, 10% deles referentes à Agricultura, e prevê que os agricultores se adaptem às novas regras, como a preservação de matas ciliares e a criação de reservas legais.

Agricultura brasileira pode perder R$ 7,4 bi com aquecimento em 2020, diz estudo

11 de agosto de 2008

Por
O Brasil poderá ter prejuízos de até R$ 7,4 bilhões no seu PIB agrícola em 2020 e ter sua geografia de produção desfigurada se não agir para mitigar os efeitos do aquecimento global, prevê um estudo realizado pela Embrapa e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

“As mudanças do clima devem ser tão intensas a ponto de mudar a geografia da produção nacional. Municípios que hoje são grandes produtores poderiam não ser mais em 2020”, diz o estudo, que será divulgado nesta segunda-feira durante o Congresso Brasileiro de Agribusiness, em São Paulo.

Com base no relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, os cientistas projetaram os impactos das mudanças climáticas em nove dos principais produtos agrícolas do país e concluíram que, à exceção da cana-de-açúcar e da mandioca, todas perderiam área de cultivo.

Foram simulados dois cenários para os anos de 2020, 2050 e 2070: o A2, mais pessimista em que pouco é feito para reduzir as emissões de CO2 e com aumento da temperatura entre 2°C e 5,4ºC até 2100, e o B2, um pouco mais otimista, que prevê aumento de temperatura entre 1,4°C e 3,8ºC.

No melhor cenário, os prejuízos calculados variam de R$ 6,7 bilhões, em 2020, a R$ 12,1 bilhões em 2070; no mais pessimista, o impacto negativo anual seria de R$ 7,4 bilhões no ano de 2020 e R$ 14 bilhões em 2070.

“Se nada for feito para mitigar os efeitos das mudanças climáticas ou adaptar as culturas para a nova situação, deve ocorrer uma migração de plantas para regiões que hoje não são de sua ocorrência em busca de condições climáticas melhores”, afirmam os autores do trabalho, Eduardo Assad, da Embrapa, e Hilton Silveira Pinto, da Unicamp.

Amazônia

No processo descrito pelos cientistas, o aumento da temperatura deve promover um crescimento do que chamam de evapotranspiração (perda de água por evaporação do solo e transpiração das plantas) e, conseqüentemente, um aumento na deficiência hídrica. “As regiões mais secas ficam mais secas ainda”, explica Assad.

Na análise das regiões, a Nordeste é a que mais perde com a transformação do semi-árido em árido e do Agreste em Semi-Árido.

“A gente mostrou que, conforme foi dito no IPCC, as regiões mais pobres, principalmente o Nordeste, vão ser as mais atingidas”, disse Assad.

O estudo não inclui a Amazônia porque a região não está contemplada no Zoneamento de Riscos Climáticos, instrumento com base no qual foram feitas as projeções, mas os cientistas destacam a importância da redução do desmatamento para conter as emissões dos gases que provocam a elevação das temperaturas.

Soja

Principal produto agrícola exportado pelo país, a soja seria a mais prejudicada, podendo concentrar metade de todas as perdas em 2070.

“No pior cenário, as perdas podem chegar a 40% em 2070, em decorrência do aumento da deficiência hídrica e do possível impacto dos veranicos mais intensos”, diz o estudo.

Com base nesses dados, os pesquisadores afirmam que as estimativas do Ministério da Agricultura - de que o Brasil passará a responder por 33% da produção mundial de soja em 2017/2018, ultrapassando os EUA - “podem estar otimistas demais” e que a falta de ação frente às mudanças climáticas poderia “afetar a capacidade competitiva do país”.

A migração de culturas para o sul, onde o custo de produção é mais alto, elevaria os preços dos produtos brasileiros. Uma elevação de até 20% seria necessária para manter o crescimento da pecuária.

Por outro lado, a cana seria a principal favorecida, podendo ampliar sua área potencial atual de 6 milhões de hectares para quase 17 milhões de hectares em 2020 no cenário mais otimista, com aumento da sua presença na região Sul, onde hoje enfrenta restrições.

O estudo cobra do agronegócio “soluções a médio e longo prazo para minimizar o problema”, sugerindo como principal a adoção de práticas que impeçam o avanço do desmatamento para a abertura de novas áreas para o plantio.

“Os cerca de 100 milhões de hectares de pastos degradados existentes hoje no país, se bem trabalhados, podem abrigar a expansão agrícola sem que seja preciso derrubar mais árvores. Em paralelo, é possível adotar sistemas que sejam capazes de seqüestrar carbono da atmosfera.”

Filme - Flor do Mangue (Parte 2)

6 de agosto de 2008

Os impactos antrópicos relacionados principalmente ao desmatamento dos altos e médios cursos das bacias dos Rios Macaé, Macabu e Ururaí/Imbé, aos acidentes industriais de grandes proporções que impactaram a bacia do Rio Paraíba do Sul, à falta de saneamento básico na região, à ocupação desordenada e à poluição dos manguezais e dos estuários situados na sua zona costeira, vêm sendo objeto de estudo de diversos núcleos de pesquisa do CEFET Campos, mas parecem muitas vezes de transposição de linguagem para adequada divulgação nas comunidades atingidas. Nesse contexto se inserem os vídeos produzidos pela equipe do Núcleo de Pesquisa em Petróleo, Energia e Recursos Naturais (NUPERN) desde antes da sua institucionalização.
Vídeo "A Flor do Mangue":

® Duração: 11 min;
® Temática: Gestão Ambiental
® Direção Geral: Maria Inês P. Ferreira (Coordenadora do Mestrado Profissional em Engenharia Ambiental do CEFET Campos);
® Roteiro: Suzanna Gatay e Henrique Lugério (alunos do Ensino Médio da UNED Macaé do CEFET Campos);
® Adaptação, Produção e Pesquisa: alunos do Ensino Médio da UNED Macaé do CEFET Campos e pesquisadores do NUPERN

Premiado pela Fundação Oswaldo Cruz.

 

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