Almanaque de Práticas Sustentáveis

6 de julho de 2011

por Portal EcoD.

Autor: Thomas Enlazador
Editora: Iteia.org

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"A definição oficial das Nações Unidas para o desenvolvimento sustentável é a seguinte: 'o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades'". É com essa máxima que Thomas Enlazador, e um grupo de colaboradores, escreveram o Almanaque de Práticas Sustentáveis (em sua 3ª edição).

O livro aponta novos caminhos para uma mudança comportamental e auxilia os cidadãos que acreditam nas mudanças de dentro para fora. O manual de bolso se propõe a reunir práticas que fomentem valores como solidariedade, cooperação, consciência e igualdade.

Entre as ações por um consumo mais consciente está o incentivo à economia solidária, um modelo que prega a autogestão, a democracia participativa, a cooperação, a promoção e o desenvolvimento humano. Algumas das práticas sugeridas pelo livro são:

  • Praticar o comércio justo e solidário
  • Acessar o micro-crédito
  • Criar um mercado de trocas solidário
  • Apoiar o consumo crítico, sustentável e consciente
  • Organizar uma cooperativa ou clube de compras

Educação não deve se subordinar às exigências do mercado, diz presidente do Ipea

1 de julho de 2011

por Desirèe Luíse, do Aprendiz


“Não devemos subordinar a educação às exigências do mercado de trabalho”, diz o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, em entrevista ao Portal Aprendiz. Para o economista, apenas o nível educacional não é fator determinante para a garantia de um bom emprego.

Como a geração de vagas disponíveis depende também de variáveis macroeconômicas, Pochmann defende que o ensino deve ser pensado não somente para suprir a demanda da economia, mas para a construção de uma sociedade superior. “Uma educação que esteja diretamente relacionada à capacidade das pessoas dialogarem”, afirma. 

De acordo com estimativa do Ipea, o ritmo de 5% da expansão da economia em 2011 tende a afetar positivamente o mercado de trabalho brasileiro. Deverão ser gerados 1,7 milhão de novos empregos formais até o final do ano. Em 2010, o Brasil atingiu 2,5 milhões, quando a expansão econômica alcançou 7,5%.

Portal Aprendiz – Há relação entre escolaridade e emprego? Quanto melhor o nível educacional de uma pessoa maior a chance de estar empregado?
Marcio Pochmann – Há uma correlação direta entre emprego e escolaridade. O que não existe é o nível educacional como fator determinante para se conseguir um emprego, porque este depende de variáveis macroeconômicas. Haverá emprego na medida em que um conjunto de pontos se combina. Se há crescimento econômico, evidentemente que empregos são gerados. Agora, o tipo do emprego depende do tipo de crescimento dessa economia.

Aprendiz – Podem ser gerados empregos de baixa qualidade?
Pochmann – Isso. Podem ser criados empregos precarizados, se a economia, mesmo crescendo rápido, for estimulada por setores regulados, por exemplo, por produção de baixo valor agregado, como é o caso da produção agrícola, do extrativismo mineral e de serviços familiares.

Aprendiz – E como a economia pode gerar bons empregos em quantidade?
Pochmann – Se a economia estiver associada a setores que produzem alto valor agregado. Seria o caso das tecnologias da informação e comunicação, setores industriais e setor de serviços de maior qualidade.

Aprendiz – Então, o diploma universitário não pode mais ser considerado um passaporte para o bom emprego?
Pochmann – No passado, o diploma era isso. Mas, tivemos no Brasil, e em outros países, uma espécie de banalização do certificado. Algo como uma indústria de certificação e isso andou, de certa maneira, desacompanhado da qualidade do ensino. Hoje, as empresas não contratam apenas pelo diploma. Há uma bateria de exames para saber se aquele certificado vem acompanhado de pessoas que sabem aquilo que em tese deveriam conhecer.

Aprendiz – Atualmente, existe demanda maior por uma mão de obra mais capacitada?
Pochmann – Sim, estamos vivendo um fenômeno relativamente novo no país, talvez somente comparado ao que o Brasil viveu na primeira metade da década de 1970, durante o chamado milagre econômico. O crescimento da economia vem acompanhado de uma expansão de empregos e estes estão cada vez mais exigindo preparação, qualidade, certificação ampliada por parte dos trabalhadores.

Aprendiz – Mas ainda há muito desemprego no país. Como explicar?
Pochmann – Exatamente. Isso é paradoxal, porque falta mão de obra qualificada em determinados setores e localidades e, simultaneamente, pessoas pouco preparadas em excesso, que estão desempregadas. Essa situação exige uma remodelação da política de emprego no Brasil, buscando justamente reduzir os desníveis entre a demanda por trabalhadores e a oferta desses trabalhadores.

Aprendiz – O que é preciso fazer nesta remodelação?
Pochmann – Precisa-se melhor assistir aqueles trabalhadores que estão qualificados e poderiam estar ocupando vagas, mas moram em determinados locais onde não se encontra esse emprego. Há um problema de informação, inclusive, já que empresas querem contratar estes trabalhadores e não sabem que eles existem. Precisa-se combinar a intermediação de mão de obra com a qualificação e, ao mesmo tempo, os benefícios que são dados às pessoas desempregadas. Temos esses três pontos, mas que não operam de forma sistêmica.

Aprendiz –Investir em educação voltada para o mercado de trabalho ajuda a diminuir o desemprego?
Pochmann – Entendo que não devemos subordinar a educação às exigências do mercado de trabalho, porque são, em geral, de curto prazo. Estamos prisioneiros da alienação que descola a realidade da perspectiva educadora. Além do trabalho, o ensino também tem relação com a vida das pessoas e em nenhum país do mundo está voltada apenas para o mercado. É justamente na circunstância de que, muitas vezes, não se sabe que tipo de emprego que a economia gera – porque ela depende das tais variáveis que citei – que é fundamental o país ter uma educação de boa qualidade não apenas para suprir a demanda da economia, mas para a construção de uma sociedade superior.

Aprendiz – O que você destaca como educação de boa qualidade?
Pochmann – Uma que esteja diretamente relacionada a um sentido da vida, que diz respeito à capacidade das pessoas dialogarem, de aumentarem o conhecimento que sugere cada vez mais o aprendizado como base das organizações. Devemos reconhecer a transformação tão grande da sociedade que tem acabado com a condição de que só as crianças e os adolescentes devem estudar. Hoje, é cada vez mais necessária a educação para a vida toda. Assim, adultos terão que estudar também, seja por exigência do próprio mercado de trabalho ou para as condições deste século XXI.

Aprendiz – Esta é a chave para um país melhor desenvolvido?
Pochmann – Do ponto de vista sul-americano, o Brasil surge como nação que pode liderar o desenvolvimento. O país é a sétima economia do mundo e é a primeira vez que participa mais ativamente das questões econômicas mundiais. Mas devemos ser capazes de protagonizar o futuro, evitando erros do passado como, por exemplo, relacionar educação exclusivamente com trabalho. Também, se ficarmos presos às commodities [produto em estado bruto ou pequeno grau de industrialização], não ocuparemos melhor posição no cenário global, mesmo com educação melhorada. Precisamos transformar o entendimento do ensino relacionado ao desenvolvimento.

* Publicado originalmente no Portal Aprendiz.

Mudança climática é fator causador de extremos climáticos


por Sérgio Abranches, do Ecopolítica


Tempestades mais violentas, secas prolongadas, ondas de calor, eventos que antes eram uma previsão nos modelos climáticos, agora são fenômenos observados, diz um artigo recente da Scientific American. A Sociedade Americana de Meteorologia, acaba de lançar o Estado do Clima 2010 (State of the Climate 2010). Nele, segundo Thomas Karl, diretor do National Climatic Data Center (Centro Nacional de Dados Climáticos), a temperatura global tem sido mais quente do que a média do século 20, todos os meses por mais de 25 anos.

1440 Mudança climática é fator causador de extremos climáticos 

Thomas Karl explica que qualquer evento climático particular é determinado por um número de fatores, das condições locais aos padrões e tendências climáticas globais. A mudança climática é um desses fatores. É muito provável, acentuou, que mudanças de larga escala no clima, como o aumento da umidade na atmosfera e temperaturas em elevação, tenham influenciado – e vão continuar a influenciar – vários tipos diferentes de eventos extremos, como chuvas torrenciais, enchentes, ondas de calor e secas.

A diretora do programa sobre Ciência e Impactos do Pew Center Jay Gulledge disse, segundo o Huffington Post, que a mudança climática é um fator de risco de eventos climáticos extremos, da mesma forma que comer sal em demasia é um fator de risco de doença cardíaca. Ela esclarece que isso não significa que possamos prever a próxima enchente em Iowa ou seca na Georgia, mas significa que esses eventos ficaram mais prováveis.

Agora mesmo, na região conhecida como “Chifre da África”, o Quênia e a Somália vêem suas populações rurais ameaçadas de morte por falência alimentar. Eles enfrentam severa crise na disponibilidade de alimentos e elevadas taxas de desnutrição, alerta a ONU. É a pior seca desde 1950-1951.

A gravidade dessa seca resulta de dois anos consecutivos quase sem chuva, fazendo de 2011 um dos anos mais secos desde 1950 em várias zonas pastorais. Segundo a ONU, não há probabilidade de melhora até 2012. Os preços de alimentos estão em alta que vai se estender por décadas, como a FAO tem indicado. Um patamar de preços mais alto que o das décadas anteriores está garantido, até que uma nova revolução tecnológica altere as condições de oferta ambiental e socialmente segura de alimentos.

Esse movimento de preços põe as populações pobres da África e outras regiões em situação de grave stress alimentar. No Quênia e na Somália, a seca eliminou de vez toda segurança alimentar. Sem ajuda séria internacional, teremos uma onda forte de mortalidade infantil, de idosos e de pessoas mais frágeis.

* Para ouvir o comentário do autor na rádio CBN clique aqui.
** Publicado originalmente no site Ecopolítica.
(Ecopolítica)

 

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