Aumenta fome no leste da África, diz ONU

21 de setembro de 2008

Quase 17 milhões de pessoas na região conhecida como o chifre da África precisam urgentemente de alimentos e outros tipos de ajuda – quase o dobro do que no início do ano, segundo dados das Nações Unidas.

Etiópia
Etiópia sofre coma seca prolongada

A ONU afirmou que são necessários US$ 700 milhões em ajuda urgente para evitar que a região entre em situação total de fome.

O principal responsável por assuntos humanitários na ONU, John Holmes, disse que os estoques de alimentos estão criticamente baixos em algumas regiões da Etiópia, Somália, Eritréia, norte do Quênia e Uganda.

A região sofre com secas, conflitos e o aumento do preço dos alimentos.

O número de pessoas em risco pode aumentar ainda mais “se a seca piorar e a temporada de fome continuar”, disse Holmes.

“O que precisamos, essencialmente, são mais fundos, e mais fundos agora, caso contrário a situação vai se tornar ainda mais catastrófica do que já é.”

Estima-se que o total de fundos necessários para ajudar as populações em risco até o fim deste ano seja de US$ 1,4 bilhão. Quase metade desta quantia já foi levantada, disse Holmes, mas ainda faltam US$ 716 milhões.

Mas ele afirmou que este não é o fim, e que poderão ser necessários novos fundos num futuro próximo.

A Organização para Alimentos e Agricultura da ONU afirma que a alta mundial do preço dos alimentos contribuiu para o aumento da fome no mundo, aumentando em 75 milhões o número de pessoas com fome no ano passado, que chegou a 925 milhões.

O Ártico derrete

15 de setembro de 2008

E países abrem guerra para ficar com a maior reserva natural de petróleo que está debaixo dessas águas

COMPUTAÇÃO GRÁFICA SOBRE FOTO DE BELTRA/REUTERSSOBREVIVÊNCIA Ursos estão com a vida ameaçada pelo degelo e pela cobiça de cinco países

Por que o Ártico, região de mar e gelo, tornou-se fruto de cobiça de cinco países? Explica-se: sob os seus gigantescos icebergs há a maior reserva de petróleo e gás natural do mundo. O tesouro estava muito bem protegido pelo gélido clima que impedia a navegação e a exploração. Ocorre, porém, que esses obstáculos naturais estão derretendo e assim a área revelou- se fonte de enorme potencial de recursos naturais e caminho importante e estratégico de navegação. No final de maio, a Dinamarca foi a idealizadora de uma reunião, realizada na Groenlândia, na qual se encontraram representantes dos países que reclamam para si o Ártico (todos banhados por suas águas). “Que nenhuma nação ouse prejudicar a outra. A ONU decidirá quem tem direito a qual área do Pólo Norte”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Per Sitg Moeller, tentando apaziguar os ânimos. E não é sem motivo que o tom da discussão, vez ou outra, se exalte. Ali estão dez bilhões de toneladas de petróleo e gás, ou seja, um quarto das reservas de todo o planeta. São 400 bilhões de barris – para efeito de comparação, as reservas da Arábia Saudita, atualmente o maior produtor mundial, são de 262 bilhões e as do Brasil, de 12 bilhões.

Mesmo com altíssimo custo de extração, as reservas do Ártico enchem os olhos da Dinamarca, dos EUA, da Noruega, da Rússia e do Canadá. Hoje, a exploração de petróleo e gás natural é considerada inviável justamente porque é cara demais. O custo de extração beira os US$ 60 por barril, enquanto nas reservas brasileiras, por exemplo, o preço é US$ 20. Com o degelo, a maior barreira de acesso às riquezas não existirá mais, viabilizando a navegação e barateando a extração.

A região mais disputada é a Cordilheira de Lomonossov, área submersa que vai da Groenlândia à Sibéria Oriental. A Rússia diz que essa porção é ligada a seu território por uma placa continental submersa e, por isso, tem direitos sobre ela. Para comprovar sua argumentação, enviou em agosto de 2007 dois minissubmarinos nucleares a 4,3 quilômetros de profundidade para reconhecer o solo. Viktor Posselov, subdiretor do Instituto de Pesquisa Científica de Oceanologia da Rússia, declarou: “Obtivemos material suficiente para demonstrar que a cordilheira submarina de Lomonossov está conectada à plataforma e é uma continuação da periferia continental da Rússia.” Coroando a missão, os russos fincaram uma bandeira de titânio no fundo do mar.

O Ártico é russo? A questão não é tão simples. Segundo a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, assinada em 1982, os países da região podem estender seu território para até 370 quilômetros. Ocorre, no entanto, que essas fronteiras são delimitadas pelas placas continentais – ou seja, a corrida é para comprovar até onde vão as tais placas. A Rússia tomou a frente e depois da expedição já pode alegar que a cordilheira começa na sua placa continental. Mas Canadá e Dinamarca também reivindicam o território. O Canadá disputa com os EUA a estratégica Passagem Noroeste, uma rota marítima que liga a Europa à Ásia em um caminho aberto com o degelo e mais curto que a rota tradicional. Economicamente, as perspectivas são interessantes: o Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos EUA estima que em 2040 já não haverá mais gelo no verão Ártico. É bem possível, porém, que não seja preciso esperar tanto. O oceanógrafo espanhol Carlos Duarte afirma que em 2015 as muralhas de água congelada não mais existirão e, segundo ele, no verão de 2007 houve um degelo mais abrupto do que o que estava sendo observado: “Derreteram-se aproximadamente 20 quilômetros de gelo, e isso diariamente.” Alarmante? Para os cinco países banhados pelas águas do Ártico, acelerados na corrida pelo petróleo, não; para os ambientalistas, sim.

Fonte: Istoé Independente

Derretimento no Ártico atingiu nível crítico, dizem cientistas


geleira no Ártico
Verões sem gelo afetariam animais e habitantes do Ártico


Cientistas americanos advertiram que a área coberta de gelo no Ártico se reduziu a seu segundo menor nível desde o início dos registros por satélite, há 30 anos - o pode indicar que o derretimento chegou a um nível em que seus efeitos começam a se tornar irreversíveis.

O derretimento este ano foi medido mais cedo que o normal. Por isso, os cientistas acreditam que a área pode diminuir ainda mais, para uma superfície menor que a registrada em setembro do ano passado, a menor já registrada.

"Podemos muito bem estar em uma rápida trajetória rumo a superar um ponto sem volta", disse o cientista sênior do Centro Nacional de Monitoramento de Neve e Gelo (NSIDC, sigla em inglês), no Colorado, Mark Serreze. "Estamos passando agora por esse ponto."

Em 26 de agosto, a área coberta de gelo do Ártico media 5,26 milhões de quilômetros quadrados.

Em 2005, foi registrada uma área coberta semelhante, de 5,32 milhões de quilômetros quadrados - mas a medição desse ano foi feita em setembro, um mês antes da medição deste ano.

No recorde de derretimento, registrado em setembro de 2007, o gelo cobria apenas 4,13 milhões de quilômetros de quadrados. A título de comparação, a extensão de 1980 era de 7,8 milhões de quilômetros quadrados.

A maior parte da cobertura atual consiste em uma camada relativamente fina de gelo, formada durante um só inverno e que derrete mais facilmente que o gelo formado ao longo de muitos anos.

Verões sem gelo

Independentemente de o recorde de 2007 se manter ou ser quebrado nas próximas semanas, a tendência no longo prazo é evidente, dizem os cientistas: o gelo está declinando de forma mais acentuada que há uma década, o que transformará progressivamente o Ártico em uma região de mar aberto durante o verão.

Uma previsão feita há alguns anos estimava que até 2080 o verão ártico se caracterizará por ser uma estação sem gelo.

Posteriormente, modelos de computador começaram a antecipar as datas para algo entre 2030 e 2050; hoje, alguns cientistas crêem que isto pode ocorrer dentro de cinco anos.

Um fenômeno que trará novas oportunidades, incluindo a chance de explorar petróleo e gás na região. A queima deste combustível elevaria o nível das emissões de gases que causam o efeito estufa na atmosfera.

A ausência de verões gelados no Ártico teria impactos locais e globais. A imagem do urso polar em busca de gelo já é familiar; mas outras espécies, como focas, também sofreriam mudanças em seu hábitat, assim como muitos habitantes do Ártico.

Globalmente, o derretimento do gelo ártico reforçaria o fenômeno do aquecimento, já que águas abertas absorvem mais energia do sol que o gelo.

'Comam menos carne', diz principal cientista da ONU

7 de setembro de 2008

Carne
ONU diz que produção de carne lança mais gases que transporte
As pessoas deveriam considerar comer menos carne como uma forma de combater o aquecimento global, segundo o principal cientista climático da Organização das Nações Unidas (ONU).

Rajendra Pachauri, que preside o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), fará a sugestão em um discurso em Londres na noite desta segunda-feira.

Números da ONU sugerem que a produção de carne lança mais gases do efeito estufa na atmosfera do que o setor do transporte.

Mas um porta-voz da União Nacional dos Fazendeiros da Grã-Bretanha disse que as emissões de metano de fazendas estão caindo.

Pachauri acaba de ser apontado para um segundo termo de seis anos como presidente do IPCC, o órgão que reúne e avalia os dados sobre clima dos governos mundiais, e que já conquistou um prêmio Nobel.

“A Organização da ONU para Agricultura e Alimentos (FAO) estima que as emissões diretas da produção de carne correspondem a 18% do total mundial de emissões de gases do efeito estufa”, disse à BBC.

“Então eu quero destacar o fato de que entre as opções para reduzir as mudanças climáticas, mudar a dieta é algo que deveria ser considerado.”

Clima de persuasão

O número da FAO de 18% inclui gases do efeito estufa liberados em todas as etapas do ciclo de produção da carne – abertura de pastos em florestas, fabricação e transporte de fertilizantes, queima de combustíveis fósseis em veículos de fazendas e as emissões físicas de gado e rebanho.

As contribuições dos principais gases do efeito estufa – dióxido de carbono, metano e óxido nítrico – são praticamente equivalentes, segundo a FAO.

O transporte, em contraste, responde por apenas 13% da pegada de gases da humanidade, segundo o IPCC.

Pechauri irá falar em um encontro organizado pela organização Compassion in World Farming, CIWF (Compaixão nas Fazendas Mundiais, em tradução-livre), cuja principal razão para sugerir que as pessoas reduzam seu consumo de carne é para reduzir o número de animais em indústrias pecuárias.

A embaixadora da CIWF, Joyce D’Silva, disse que pensar nas mudanças climáticas poderia motivar as pessoas a mudarem seus hábitos.

“O ângulo das mudanças climáticas pode ser bastante persuasivo”, disse.

“Pesquisas mostram que as pessoas estão ansiosas sobre suas pegadas de carbono e reduzindo as jornadas de carro, por exemplo; mas elas talvez não percebam que mudar o que está em seu prato pode ter um efeito ainda maior.”

Benefícios

Há várias possibilidades de redução dos gases de efeito estufa associados aos animais em fazendas.

Elas vão de ângulos científicos, como as variedades de gado geneticamente criadas para produzir menos metano em flatulências, até reduzir a quantidade de transporte envolvido, comendo animais criados localmente.

“A União Nacional dos Fazendeiros da Grã-Bretanha está comprometida em assegurar que a agropecuária seja parte da solução às mudanças climáticas, e não parte do problema”, disse à BBC uma porta-voz do órgão.

“Nós apoiamos fortemente as pesquisas com o objetivo de reduzir as emissões de metano dos animais de fazendas, por exemplo, mudando suas dietas e usando a digestão anaeróbica.”

As emissões de metano de fazendas britânicas caíram 13% desde 1990.

Mas a maior fonte mundial de dióxido de carbono vindo da produção de carne é o desmatamento, principalmente de florestas tropicais, que deve continuar enquanto a demanda por carne crescer.

D’Silva acredita que os governos negociando um sucessor ao Protocolo de Kyoto deveriam levar esses fatores em conta.

“Eu gostaria de ver governos colocarem metas para a redução de produção e consumo de carne”, disse.

“Isso é algo que deveria provavelmente acontecer em nível global como parte de um tratado negociado para mudanças climáticas, e seria feito de forma justa, para que as pessoas que têm pouca carne no momento, como na África sub-saariana, possam comer mais, e nós no oeste comeríamos menos.”

Pachauri, no entanto, vê a questão mais como uma escolha pessoal.

“Eu não sou a favor de ordenar coisas como essa, mas se houver um preço (global) sobre o carbono, talvez o preço da carne suba e as pessoas comam menos”, disse.

“Mas, se formos sinceros, menos carne também é bom para a saúde, e ao mesmo tempo reduziria as emissões de gases do efeito estufa.”

Fonte:
 

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