"Temos o que aprender com o Brasil"

20 de março de 2010

Afirma enviado dos EUA para Mudanças Climáticas

19/03 - 22:21 - Natasha Madov, iG São Paulo

Os Estados Unidos pretendem aprender com o Brasil como usar melhor fontes renováveis de energia e biocombustíveis, acreditam que a China representa um grande desafio diplomático na questão do aquecimento global e encaram o Acordo de Copenhagen como um relativo sucesso.

É o que afirma o principal negociador para mudanças climáticas do país, Todd Stern, que está em passagem pelo Brasil para ratificar o acordo de cooperação bilateral assinado pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, no mês passado.

Todd Stern

Todd Stern: a responsabilidade pelo aquecimento global precisa ser dividida

Em entrevista ao iG, ele avaliou o atual estado das negociações climáticas com os países em desenvolvimento, o trabalho do IPCC (sigla em inglês de Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas) e os esforços do presidente Barack Obama, bem como o ceticismo em torno do tema.

iG: Como o senhor avalia o resultado do encontro em Copenhagen, em dezembro passado?

Todd Stern: Foi uma reunião muito difícil, em vários aspectos, mas o resultado final foi bastante importante. Não foi o que todos queriam, mas, no nosso ponto de vista, teve resultados positivos. O acordo de Copenhagen foi negociado por um grupo extraordinário de chefes de Estado, e incluiu um número importante de metas. Foi a primeira vez que esses países tinham um objetivo claro, que era tentar segurar o aumento de temperatura em 2 graus centígrados, e todos estavam cientes da importância da tecnologia, das florestas e da transparência nas ações. É um acordo curto, incompleto, mas é um importante passo à frente.


iG: A ONU (Organização das Nações Unidas) pediu recentemente que o trabalho do IPCC fosse revisado, após a descoberta de alguns erros. O que o senhor acha disso?

Todd Stern: Foi uma atitude inteligente da ONU, que ajuda a solidificar a confiança do público. Sim, existem erros, mas o fundamental não mudou. Existe uma quantidade gigante de provas que o planeta está ficando mais quente. São literalmente milhares de estudos, tanto do IPCC quanto de outras fontes, que apontam nesta direção. Só o trabalho do IPCC é imenso, vários volumes com milhares de páginas. A revisão vai ajudar com que se evite esses erros no futuro, mas no fundo nada mudou.

iG: Os últimos acontecimentos têm ajudado os "céticos do clima", que acham que o aquecimento global não existe?

Todd Stern: Sabe, acredito que deve ter havido um pequeno aumento no número deles, mas não acho que seja significativo a longo prazo. Existem pessoas interessadas em se opor ao aquecimento global, mas os eventos são de tal ordem que as provas vão continuar aparecendo. Gostaria que não fosse assim, mas é o que acontece; todo mês, toda semana, todo dia surge algo novo que comprova os fatos, como o derretimento das geleiras.

iG: O que a administração Barack Obama está fazendo para combater as mudanças climáticas?

Todd Stern: O presidente está extremamente focado nisso, estava ainda antes da sua posse. O pacote de estímulo à economia que ele aprovou no início do seu mandato previa um investimento de 80 bilhões de dólares em energias limpas. Em um ano normal, um investimento desse tipo seria da ordem de três ou quatro bilhões (de dólares).

No ano passado a EPA (sigla em inglês de Agência de Proteção Ambiental dos EUA) estabeleceu padrões de economia de combustível para os veículos. Estamos nos esforçando para mudar a legislação, e nossa proposta está aguardando no Senado. Agora a EPA está estudando regulamentações para o setor elétrico. Isso no âmbito doméstico.

Internacionalmente, houve um compromisso imenso. O governo anterior não estava envolvido neste tema, e quando o presidente Obama assumiu foi estabelecido, praticamente desde o primeiro dia, o cargo de Enviado Especial, que nos colocou de volta ao plano das discussões multilaterais. Estamos procurando acordos bilaterais com vários países, inclusive o Brasil, com quem acabamos de fechar no mês passado um acordo de cooperação.


iG: Como é este acordo?

Todd Stern: Ele contempla muitas frentes. Uma é diplomática: aproximar o diálogo, discutir cooperativamente e trabalhar em conjunto em relação à direção das negociações sobre mudanças climáticas. Uma boa parte do foco vai ser em uso da terra, cuidados florestais, energia, biocombustíveis, eficiência energética, pesquisa científica. O acordo é bem vasto. Assinamos também acordos com a China e a Índia, e estruturamos o Fórum das Maiores Economias, que o presidente Bush iniciou, e colocamos um foco em emissões de carbono. O primeiro grande encontro foi ano passado, na Itália, mas as reuniões continuam.

iG: Os EUA pretendem cooperar com o Brasil na pesquisa de biocombustíveis e energia renovável?

Todd Stern: O Brasil tem um trabalho impressionante nessa área, é o líder mundial e sim, esse é um dos campos em que gostaríamos de trabalhar em cooperação. Temos algumas coisas a aprender com o Brasil.

iG: Como lidar com a questão das emissões da China?

Todd Stern: A China é um grande desafio. É um país que mostra para onde a diplomacia das mudanças climáticas tem que ir. Tradicionalmente, em acordos como o de Kyoto, os países desenvolvidos devem agir, e os em desenvolvimento não precisam se comprometer. Essa divisão não pode continuar se quisermos realmente resolver o problema, e a China é o melhor exemplo do porquê disso. É o maior emissor de gases-estufa do mundo, e está crescendo. E ela não está sozinha. Economias emergentes como o Brasil também desempenham um grande papel. Os países desenvolvidos têm sua responsabilidade histórica, mas todos têm que agir, e por isso encaro o acordo de Copenhagen como um avanço, pois todos concordaram em submeter suas propostas para reduzir as emissões e todos fizeram isso, até 31 de janeiro deste ano. Isso nunca tinha acontecido antes.

iG: O senhor foi o negociador do Protocolo de Kyoto durante o governo Clinton, e está agora de volta como Enviado Especial de Mudanças Climáticas do governo Obama. O que mudou de lá para cá e por que os Estados Unidos não ratificaram ainda o Protocolo de Kyoto?

Todd Stern: Desde 1997, algumas coisas continuam as mesmas, mas muito mudou. A maior diferença é que agora os países em desenvolvimento são os maiores emissores de carbono. Nós sabemos que historicamente esse papel cabia ao Primeiro Mundo e temos que agir de acordo com isso. Mas nós vivemos pensando no futuro, e não no passado. O paradigma básico de Kyoto, que os países em desenvolvimento não tinham responsabilidade nas emissões, simplesmente não funciona mais, e muitos enxergam isso.

Alguns países se agarram a Kyoto, mas cada vez mais os governos reconhecem essa mudança e que o mundo tem que descobrir um meio de mudar essa situação pela via diplomática.

A respeito dos Estados Unidos, nunca houve um apoio político real a um acordo cujas obrigações fossem todas aos países mais ricos. Havia muita oposição. E o tema não era ainda tão premente - havia oposição das indústrias, que não queriam aumentar seus custos, e de grupos conservadores. A opinião pública também não sentia a necessidade de ações urgentes. Estes problemas ainda não acabaram, mas a situação melhorou muito agora.

Tempestade de areia atormenta chineses

Em Pequim, turistas e moradores tiveram de usar máscaras. A poeira tornou o ar perigoso, segundo autoridades.

Do G1, em São Paulo

Foto: Reuters

Tempestade de areia e poluição dificultaram a visão das pessoas e encobriram várias cidades chinesas. Em Pequim, turistas e moradores tiveram de usar - ou improvisar - máscaras para proteger o rosto da poeira. A coração do país ganhou um sinistro tom avermelhado. Em Tianjin, o vento forte levantou areia e trouxe muito pó. Quase não foi possível caminhar. As autoridades informaram que a qualidade do ar atingiu níveis perigosos e nocivos à saúde. (Foto: Reuters)

Horta em casa

13 de março de 2010

Confira a programação dos cursos e aprenda a plantar suas próprias hortaliças

Por Lila de Oliveira da iG São Paulo

A Associação de Agricultura Orgânica de São Paulo promove amanhã (13), o curso “Horta Caseira Orgânica e Compostagem”, em que os alunos terão noções teóricas sobre o tema e acompanharão, passo a passo, a montagem de uma horta em vasos. Água, luz, adubação e associação de espécies estarão entre os assuntos abordados.

Foto: Getty Images

Aprenda a fazer uma horta em casa

Para participar é necessário levar um recipiente, que pode ser um vaso comum, um pote, uma lata ou uma garrafa pet. A aula acontece das 9 horas às 13 horas e custa R$ 50,00.

No mesmo dia, às 15 horas, a Biofert realiza um workshop gratuito na Leroy Merlin de Contagem, em Minas Gerais.

A palestrante será a gestora ambiental Josiane Oliveira, que falará sobre formas de aproveitar espaços reduzidos, como escolher o vaso, quais hortaliças podem ser plantadas, formas adequadas para plantio, controle de pragas e como fazer a colheita.


A aula será repetida no dia 27 de março. Em São Paulo, os workshops promovidos pela Biofert acontecerão nos dias 20 e 27 de março, na loja Leroy Merlin de Interlagos.

Outra opção no dia 27, na capital paulista, é o curso “Horta Caseira Orgânica”, que trará noções de compostagem, fisiologia das plantas, adubação, doenças e associação de espécies. A aula será ministrada das 9 horas às 14 horas pelo agrônomo Marcelo Noronha, na Sabor de Fazenda Ervas e Temperos. O custo é de R$ 125,00 e inclui apostila e lanche.

No Rio de Janeiro, a Sociedade Nacional de Agricultura está com vagas abertas para o curso “Horta em Pequenos Espaços”, previsto para 20 de março. O custo é R$ 125,00 e inclui material didático e certificado. A carga horária é de quatro horas.

Serviço

Associação de Agricultura Orgânica
Av. Francisco Matarazzo, 455, Água Branca – São Paulo (SP)
Tel: (11) 3875-2625

Biofert
Rua Joaquim Laranjo, 352 – Contagem (MG)
Tel: (31) 3333-6000

Leroy Merlin
Av. Babita Camargos, 1.920 – Contagem (MG)
Tel: (31) 3369-6565
Rua Domingas Galleteri Blotta, 315, Interlagos – São Paulo (SP)
Tel: (11) 5613-2551

Sabor de Fazenda Ervas e Temperos
Av.: Nadir Dias de Figueiredo, 395, Vila Maria – São Paulo (SP)
Tel: (11) 2631-4915

Sociedade Nacional de Agricultura
Av. Brasil, 9.727 – Rio de Janeiro (RJ)
Tel: (21) 3977-9979

Meteoro extinguiu mesmo dinossauros, diz maior estudo sobre o tema

5 de março de 2010

Dinossauro

Os dinossauros teriam desaparecido ao lado de cerca de 70% das espécies

Cientistas responsáveis pela maior revisão dos estudos sobre a extinção dos dinossauros afirmam que podem confirmar que o impacto de um asteroide sobre a Terra, na região do México, teria sido responsável pelo desaparecimento dos animais, há 65 milhões de anos.

Há 30 anos, a teoria domina os estudos sobre os dinossauros, mas permanecia sem confirmação, com alguns especialistas afirmando que a extinção poderia ter sido causada por uma erupção vulcânica na Índia.

Mas uma revisão de 20 anos de estudos sobre o assunto realizada por um grupo de 41 cientistas de 12 países sugere que há provas suficientes não apenas para apoiar a teoria do asteroide, mas para descartar outras teorias vigentes sobre a extinção dos animais.

Impacto e destruição

A revisão, publicada na edição desta sexta-feira da revista científica Science, sugere que o asteroide tinha dez mil metros de diâmetro e atingiu a Terra a uma velocidade de cerca de 20 quilômetros por segundo.

O impacto teria ocorrido na região da península de Yucatán e teria liberado um milhão de vezes mais energia do que qualquer bomba atômica testada. Dados analisados de imagens de satélite indicam que a cratera de Chicxulub, que tem 200 quilômetros de diâmetro, seria o local exato do impacto.

Segundo os pesquisadores, o impacto liberou grandes quantidades de água, poeira, gases e partículas de carboneto e fuligem, o que teria causado um bloqueio da luz solar e o consequente esfriamento da Terra.

Ainda de acordo com os cientistas, a grande quantidade de enxofre liberada pela colisão contribuiu para a formação de chuvas ácidas na terra e nos oceanos e também teria tido um efeito na queda de temperatura.

"O impacto de Chicxulub foi uma perturbação extremamente rápida dos ecossistemas da Terra, numa escala maior do que qualquer outro impacto conhecido desde que a vida surgiu na Terra", disse Sean Gullick, um dos autores do estudo.

Além dessas consequências, os cientistas ainda fizeram simulações em laboratório e revisões de estudos anteriores para afirmar que o impacto do asteroide ainda teria causado terremotos, tsunamis e incêndios.

"O impacto causou um tsunami muitas vezes maior do que a onda que se formou no Oceano Índico e atingiu a Indonésia em dezembro de 2004", afirmou o geólogo marinho Tim Bralower, da Universidade de Penn, que participou do estudo.

"Essas ondas causaram uma destruição massiva no fundo do mar", afirmou.

De acordo com os cientistas, além de ter provocado a extinção dos dinossauros, a colisão causou o desaparecimento de cerca de 70% de todas as espécies que habitavam a Terra na época.

Camada de argila

O estudo sugere que um dos argumentos mais fortes que apóiam a teoria, além da escala do impacto do asteroide no solo terrestre, seria uma camada de argila encontrada em diversas amostras do solo do período Cretáceo e Paleogeno e estudada desde 1980 após ter sido descoberta pelo geofísico Luiz Alvarez.

Essa camada é rica em um elemento chamado de irídio, abundante em asteroides e cometas, mas dificilmente encontrado em grandes concentrações na superfície da Terra.

Além disso, a camada ainda possui uma faixa de cerca de um metro onde não há fósseis de dinossauros ou de outros animais, o que poderia indicar um desaparecimento repentino.

Segundo os cientistas, essa camada de argila é encontrada em todos os sítios com amostras da fronteira entre os períodos Cretáceo e Paleogeno no mundo, o que demonstra que o fenômeno foi "realmente global".

De acordo com o estudo, nenhuma outra teoria existente sobre o fim dos dinossauros remete à extinção em massa de espécies entre esses dois períodos de maneira tão global quanto a do impacto do asteroide ou apresenta mecanismos para explicar como houve uma mudança biótica tão abrupta.

"Combinando todos os dados disponíveis de diferentes disciplinas científicas nos levam a concluir que o impacto de um asteroide há 65 milhões de anos no que hoje é o México foi a principal causa de extinções massivas", disse Peter Schulte, que liderou o estudo.

Segundo ele, apesar das provas, dificilmente a discussão sobre o desaparecimento dos animais será interrompida pelo resultado dessa revisão.

"Nós desenvolvemos um caso forte, mas as discussões vão continuar. Eu acredito que isso é basicamente ciência e nunca podemos dizer nunca", afirmou.

 

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